O Editor

domingo, 13 de maio de 2012

O PENSAMENTO POLÍTICO DO MOVIMENTO ABOLICIONISTA NA BAIXA MOGIANA (1870-1890) - Parte III

Caravana
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REGIÃO DA MOGIANA E CRIAÇÃO DA FERROVIA MOGIANA

A região da Mogiana é uma das mais tradicionais regiões produtoras de café do Estado de São Paulo. Está localizada ao norte do Estado e as principais cidades que a compõem são: Franca, Cristais Paulistas, Jeriquara, Pedregulho, Rifaina, Itirapuã, Patrocínio Paulista, São João da Boa Vista, Altinópolis, Batatais e Restinga.
Criada em 1872, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro efetivou-se em 1875 o seu primeiro trecho. Partindo de Campinas, onde fazia conexão com a Companhia Paulista, a nova ferrovia supriria, então, os municípios de Mogi Mirim, Amparo e, naturalmente, Campinas (RIBEIRO, 1993, p. 1).
O progresso engendrado pela lavoura cafeeira e, consequentemente, das cidades servidas pela rede ferroviária fez com que, muitas vezes, as estações fossem retomadas e ampliadas ainda no século XIX ou no início do século XX. Algumas delas tiveram suas características arquitetônicas originais alteradas, outras, porém, não sofreram transformações significativas (RIBEIRO, 1993, p. 1).
Segundo Ribeiro (1993) é provável que os últimos acessórios, definidos e instalados, no complexo - estrada de ferro Mogiana, tenham sido as estações. 1875 foi o ano das inaugurações do primeiro trecho – seção 1 (Campinas – Jaguari), seção 2 (Jaguari – Mogi Mirim) e seção 3 (ramal de Amparo) e também quando estas foram contratadas e construídas.
Dessa forma, a cultura do café e a instalação da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro contribuíram para o aquecimento do primeiro ciclo de expansão econômica da região.
A criação das estradas ferroviárias auxiliou na libertação da mão-de-obra escrava presente no sistema latifundiário e serviu como incentivo à migração interna, aquecendo ainda mais a transformação econômica do modo de produção capitalista. Haja vista que, à medida que o café se alastrava, as distâncias aumentavam juntamente com as dificuldades de seu transporte, tornando-se um “obstáculo”, vencido, no entanto, com a facilitação do escoamento por meio das estradas de ferro.
No ano de 1875, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro assentou seus trilhos na Vila Bueno, através da construção do ramal que ligava Campinas – Mogi Mirim. Sua inauguração foi realizada pelo Imperador D. Pedro II. Em decorrência do grande ciclo do café, as atenções voltaram-se para o desenvolvimento do transporte moderno que, naquela época, era a via férrea.
Essas cidades se desenvolveram a partir da cultura do café, introduzida por volta do século XVIII. E ainda exerce grande influência na economia da Mogiana. A cultura cafeeira baseava-se na força de trabalho escrava. E, como a maioria das cidades brasileiras, até 13 de maio de 1888, Penha do Rio do Peixe foi palco de uma época em que a economia de todo o país dependia da mão-de-obra escrava. Dessa forma era comum as pessoas brancas abastadas possuírem escravos, inclusive para trabalhos domésticos. E o delegado de polícia da cidade também possuía escravos. O que não era comum é o fato de esse mesmo delegado se mostrar favorável ao fim da escravidão, recusando-se a caçar escravos fugidos, o que era então função da autoridade policial.
Vera Silvia Constantino (PUC - MINAS)


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